Uma criatura metade lobo, metade homem. A maioria das
pessoas que ouvem histórias a respeito do lobisomem acha que tudo é apenas
baboseiras e conversa fiada. Camilla era uma dessas pessoas, nasceu e foi
criada em cidade grande, por isso achava que perigo mesmo não era lobisomem era
assaltantes, tarados, assassinos e etc... Camilla morava com o marido e três
filhos, perto do centro de São Paulo, mas a dificuldade financeira a expulsou
da cidade. Teve que se mudar.Sábado, 6:00h da tarde. O silêncio daquele povoado
calmo é perturbado pelo caminhão de mudança, era Camilla se mudando para nova
casa.
Do alto do caminhão, Camilla e seus filhos olhavam curiosos as pessoas,
algumas sentadas no chão, deitadas em redes e poucas trabalhando. Mas todos
tinham algo em comum, o medo que refletia em seus olhos, olhavam o caminhão com
grande desconfiança, um deles cochichou para o outro: - Olha Zé, vão para casa
do lobisomem. A "casa do lobisomem", todos temiam ela, ficava perto
do povoado, quase encostada, era só seguir uma curta rua de terra que terminava
bem numa porteira que era a entrada da casa, era o novo lar de Camilla e sua
família. Passaram-se três dias, sufocada pela solidão, Camilla , que era
acostumada com a presença de muita gente, sentiu-se obrigada a ir até o povoado
tentar conversar com alguém. Quando chegou, foi recebida com olhares
desconfiados, todos evitavam conversa, menos um velho que a convidou a entrar
em sua casa e lá conversaram muito. O velho tinha uma barba muito grande,
cabelos bem longos e grisalhos, usava uns óculos e não parecia ser um matuto da
região. Na conversa o velho contou que a casa que Camilla estava morando não
faz muito tempo, pertenceu a um homem muito estranho, era violento, não
conversava muito, e em algumas noites gritava como se estivesse com uma dor
gigantesca. Disse o velho que em um certo dia esse homem foi até o povoado de
manhã para comprar comida, não se sabe o que aconteceu para que um cavalo desse
um coice nele, o coice foi tão forte que de onde caiu não levantou no mesmo
instante, permaneceu desmaiado no meio da rua até a noite quando acordou e ali
mesmo começou a se debater e gritar de dor até quando se transformou em uma
espesse de lobo. Não era um lobo com quatro patas, era mais ou menos um homem
peludo, corcunda, com muitos músculos e uma cabeça igual à de um lobo. Seu
andar era parecido com o andar de um gorila e de sua boca cheia de baba saía um
ruivo grosso e irritante aos ouvidos humanos.
Naquela noite, disse o velho, que
todos estavam assustados, ninguém ousava desafiar o lobisomem até quando este
arrombou a porta de uma casa e com suas garras cortou o pescoço de uma criança,
a mãe nervosa correu para cima do lobisomem com uma arma, logicamente, a
criatura que ainda tinha um pouco de raciocínio humano, fugiu. A mãe desistiu
de ir atrás, voltou e pegou seu filho no colo que ia aos poucos fechando os
olhos. Então diante daquilo, todos os homens do povoado pegaram suas armas e
foram atrás do lobisomem que pressentindo o perigo fugiu para o matagal, mas
antes houve tempo para ser acertado na perna. Depois disso ele abandonou a
casa, mas ainda houve gente que o viu andando pela mata, a maioria das vezes
que foi visto era em forma de lobisomem. À noite, à frente de uma fogueira feita
na entrada da casa, Camilla conversava com sua família,mas não disse nada sobre
a história aos seus filhos e marido, não achava que a história o lobisomem era
importante e também já tinha esquecido. Quando ficou um pouco tarde, duas da
madrugada, as crianças foram obrigadas a irem dormir em seus quartos e Camilla e
o marido continuaram sozinhos conversando. De repente se ouve um barulho, bem
alto, de alguma coisa quebrando dentro da casa e depois um grito das crianças,
os dois correram rapidamente para dentro, lá encontraram o telhado com um
buraco manchado de sangue. Quando correram para fora, viram, com a iluminação
da lua, o vulto de um bicho arrastando pelo chão o corpo de uma criança.
Segundos depois o vulto parou de caminhar e em frente da imagem da lua ouviu-se
um ruivo bem alto e grosso...
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